Todas as lideranças do partido que passaram pelo velório e na reunião de partidos nesta segunda-feira (18), no Recife, deixaram claro que a decisão é exclusiva de Renata, que ainda não esclareceu se embarca ou não na disputa eleitoral.
A viúva de Campos é auditora do TCE-PE (Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco) e está cumprindo licença-maternidade --o quinto filho do casal, Miguel, nasceu em 28 de janeiro último-- oficialmente desde o dia 7 de abril deste ano.
Desta forma, Renata --que é filiada ao PSB desde 1991--, está apta para ser concorrer nas eleições deste ano, já que a legislação eleitoral determina que servidores públicos devem se afastar de suas funções com no mínimo três meses de antecedência caso desejem se candidatar.
Em seu primeiro pronunciamento desde a morte do marido --ela usou a tela de um celular para ler uma carta nesta segunda--, Renata deu pistas de que vai se engajar na campanha, mas não sinalizou a possibilidade de ser candidata.
"Depois da tragédia, lembro que perguntaram: 'O que faremos?' Mantém tudo como ele queria! Como participei a vida toda, não terá diferença nessa", afirmou a viúva de Campos durante o encontro que reuniu lideranças locais dos 22 partidos que compõem a Frente Popular de Pernambuco, que apoiam o candidato Paulo Câmara (PSB) na disputa pelo governo de Pernambuco.
Nesta segunda-feira, o presidente do PSB Roberto Amaral participou deste encontro no Recife, e confirmou que o PSB aguarda a resposta de Renata, mas negou qualquer pressão.
"Ela pode ser o que ela quiser. É bom para o partido, para o país, para Pernambuco. Agora não posso dizer nada antes de falar com ela e respeitá-la" disse Amaral, negando que tenha conversado com a viúva sobre política. "Ela tem uma família, um projeto, é uma mulher que supera as dificuldades, uma prova é essa reunião aqui".
Um dos nomes que foram cotados para assumir a posição de vice em uma chapa encabeçada por Marina é o de Maurício Rands, amigo de Campos e coordenador do programa de governo do então candidato do partido à Presidência. Rands, no entanto, também destacou que o nome de Renata seria ideal, sem espaço para disputas no partido contra ela.
"Ela foi coordenadora de programas vitoriosos como o Mãe Coruja, premiado na ONU, tem capacidade de gestão. Ela tem uma representação simbólica do projeto inaugurado por Eduardo para o Brasil. Ela seria uma excelente vice-presidente. Precisa ver a vontade dela. Não será fácil. Vai ter que ser mãe e pai de cinco filhos", afirmou o socialista em entrevista à Folha de S. Paulo.
O líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque, também cotado para ser vice numa eventual chapa com Marina, disse à mesma "Folha", no sábado (18), que "se ela quiser, ela será candidata, não há dúvida"
Segundo relatos de pessoas próximas à família, desde de que soube da morte do marido, Renata tem mantido a serenidade e evita falar de política. Mesmo assim, a família tem dado sinais cada vez mais claros de que a ligação com a política deve permanecer.
Uma das provas é que, na chegada do corpo ao velório, no Palácio do Campos das Princesas, Renata e os filhos estavam ladeados de Marina Silva. Amigos e parentes mais próximos ficaram atrás.
No cortejo até o cemitério, os filhos de Campos usaram camisas com frases de Campos. Faziam também gestos de 40, número do PSB. A todo instante, os filhos puxavam o grito de "Eduardo, guerreiro do povo brasileiro".
"Estou torcendo para que meu sobrinho João e Renata tenham mais protagonismo. Terei minha colaboração. A família sempre participou com ele, como participou com o meu avô", afirmou, neste domingo, o irmão do ex-governador, Antonio Campos.
Apesar disso, o irmão disse que a cunhada tem mostrado resistência a disputar a vaga porque deve priorizar a criação dos filhos. "Ela ainda resiste a esta ideia [de ser vice de Marina]. Mas, se ela decidir, tem o apoio da família", afirmou.